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terça-feira, 28 de agosto de 2012

TEMPOS DUROS

 

Na Galiza o tempo é de pedra, o sol é de pedra, a alma é de pedra

O padre, Adolfo se chamava, já morto posso dizer seu nome...
O padre vendera os santos, vendera a pia os altares, vendera a alma...

O padre olhou para o homem do sol lá no campanârio,
assim chamava o pai o relogio de pedra...

O pai olhou para o padre e disse:
Se você leva o homem, se o baixar e o levar, não suba mais à aldeia pois subir subirá, mas descer não desce mais...

O pai falava com orgulho de seu jeito de defender o nosso relógio de sol, o único que temos para medir o tempo pois vivemos num mundo no que outros nos mudam a hora...

O padre acovardou-se e não tocou o homem de pedra, do sol, e das horas, e agora está morto...
Mas, mesmo assim, a cada vez que subo à aldeia olho para a torre da igreja... Porque a minha memória também é de pedra... 

Concha Rousia 
Quintal d'Amaia 28 do 8 de 2012

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