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sábado, 3 de março de 2012

Escrevo

Escrevo
e crio pontes
que me levem
desta minha ilha
de solidão

Escrevo
coloco barcos de papel
a atravessar esse mar
que me separa

Escrevo
faço uma casa bonita
com palavras e pinto
a primavera no quintal

Escrevo
com notas musicais
no bico da Melra
a voar deste meu mundo
até esse vosso

Escrevo
abraço porque amo
toco a palavra ternura
tal e qual ela é sentida

Escrevo e logo me perco
Escrevo e aí mesmo me acho
Escrevo e vivo, respiro, sonho, crio...

Escrevo e invento a madrugada
Escrevo e morro no final da linha
no pôr-do-sol do ponto e final.

Escrevo e parto-me em palavras
Escrevo e regresso intata

Escrevo e te toco com a espada
Escrevo e te curo, te salvo, te devolvo à vida...

Escrevo e finjo que não me lês
Escrevo e te sinto comigo
Escrevo e sei que não estás

Escrevo e me engano
Escrevo e me desengano
Escrevo
           Escrevo
                      Escrevo...



Concha Rousia

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