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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Noite de estrelas...


Na ausência do teu olhar segui o conselho da Lua... Embebedei-me de estrelas, brancas como aguardente nova, brilhantes todas por igual... só uma sobressaía, brilhava por cima das outras, então reparei que ela brilhava sob a tua olhada...

Chovia no quintal e os meus olhos vieram logo ajudar a molhar, dentro e fora de mim, essa saudade... Era intenso demais, sempre é... então fugi, fechei os olhos e saí voando no meio da noite, para vir me esconder ao meu agora no que adormeço acordada, onde o sol me não veja ao amanhecer... 

Queria cantar, meter a música dentro da alma, acordar a Melra, pedir ajuda a ela, que não voa a estas horas para me prestar as asas e me dar paz, a paz que eu não tenho, a paz da que eu já desnasci, ontem e sempre... A música voa por cima das ondas todas do mar, por cima dos castanheiros, por cima das fragas de carvalhos, por cima de nós, e sobretudo, ela voa por cima de vós que só exitis porque eu... Porque eu... (não vou dizer)

Quantas vezes contemplei o eterno sendo! Quantas vezes me foi entregue o que era meu, e porém eu não tenho, eu não tenho... como também não tenho a serenidade com que, mesmo assim, eu escrevo... Sou como tu, Terra, minha mãe dos dias contados... Sou filha nascida para ser apenas calendário, calendário de sangue quente e pés que não andam, e pés que não andam...

Concha Rousia






 
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

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