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domingo, 28 de agosto de 2011

Naves vazias


Palavras são naus, universos ocos, vazios, inertes, sem sentido... nós é que colocamos nelas, com jeitinho, nossos sentimentos... nossos dedos são remos que conseguem navegar levando nossos desejos no mar dessa nossa conversa... ou desconversa...

Percorremos continentes, tecemos rotas, conhecidas, inventadas... Povoamos hemisférios e nascemos marinheiros e poetas a cada madrugada de um dia nosso... As naves vão, as naves vêm, elas viajam, partem com a força do nosso alento a falar...

Ora carregadas de amor, de paixão... ora de medo, ora de ciume, sim muitas vezes de ciume, ora de pena ou raiva ou de incerteza... ora de... sim, por vezes nos esquecemos de colocar cousa nenhuma, insentes nós, enviamos naus vazias, quem as ver chegar aguarda ansioso a entrar nelas, mas essas vezes encontra apenas ocas naus que nem sabe que retornar em resposta..

Com carinho amarramos todas no nosso cais e vamos curando delas enquanto conseguirmos contá-las, quando já são muitas, quando são tantas, enumeráveis, devemos soltá-las livres, deixá-las levar pela maré... chorar sua ausência... e esperar novas naves com sentido... Dizer adeus, acenos com panos brancos... chorar... renascer... esperar, sempre esperar... (em andamento)

Concha Rousia
Vilamarxant 28 de agosto de 2011

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