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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Minha Terra


A cada vez que te percorro, que me deslizo por tua pele nordestina, agreste e atlântica, vou sementando em meus olhos os carvalhos, as veigas, as fragas e soutos, os vales e os penedos, as casas de pedra e os labregos, os labregos... e depois as rias e os marinheiros, e a barca de pedra...

A cada vez que me embebedo de teus céus, fertilizo-me de poesia e nevoeiros, retorno a minha morada com a alma fecundada de ti, Galiza...

...e agora, quando me acho apenas entre as paredes do meu corpo solitário a amanhecer comigo, eu saberei que não estou sozinha, e sentirei em mim o voo da pega que roubou um vidro com as cores do arco-íris para seu ninho, a melra que pintou as vímbias* alaranjadas como o seu bico, a lavandeira que leva em seu voar ondulado e no piscas de seu rabo os códigos dos nomes das nossas vacas, e eu em minha solidão povoada saberei quem sou um ser coletivo...


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Vímbia* s. f.
             (1) V. Vime.
             (2) Vime manso.

Um comentário:

  1. ...Na fotografia... mãe, irmão e afilhado... e a Terra, sempre a Terra...

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