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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Meu irmão brasileiro...

Língua da minha língua
braços dos meus abraços
que vão e vem do mesmo mar
que nós une, que nos continua
gota a gota uns dentro dos outros
como o bruar das suas ondas
ondas dentro das ondas
até o confim dos tempos

Eco do meu falar a língua mãe
no seu berço hoje amordaçada

Meu irmão brasileiro...

Levo na boca um cantar
que há tempos fica calado
ao peito acode apenas pranto
 

Levo na fronte uma estrela
cuja luz se quer ir apagando
mesmo ela não querendo...

Meu irmão brasileiro...

Deixa-me que te conte...
se tu me miras eu me vejo
se tu me falas eu me ouço
e mesmo que o mundo me
quiser negar a voz, eu falarei
se tu me ouves eu falarei...
e talvez assim se me cure
esta incurável saudade

Meu irmão brasileiro...


Concha Rousia, Galiza










MINHA POETA GALEGA

Pois que te deixem falar
a língua matter, qual palmae
ou carvalho a fertilizar os tempos
em seu entorno.

Os teus falares têm ainda a dicção
do latino verbo fundador do pensamento
e de nossa forma de amar ao outro
e a natureza.

Que te deixem azular este céu
com as tuas palavras castiças
que me levam neste momento
aos bosques profundos
da profunda Galiza.

Palavras, pois, que nos unem
sobre este mar de tonalidade
verde profundo. 

Deixem-te às palavras
que perduram, ao limbo
das exigências vãs da política
do vernáculo e da vaidade
para que tu as resgate
e que voltem ao alumbramento
como dos seres sagrados de memória.

Com os teus pares, deite
ao ar tua lira quinhentista.
Que te deixem ao direito de existir
irmã galega, em tua língua, tua história
tua identidade, pátria primal
que também é a do meu desejo
o desejo de essência que me avia.

Se te vês cansada, lute ainda mais
Se te desanimas, não recues
do que te cabe. 
Os destinos validos
são os que se projetam sobre o tempo
e acendem, sobre as noites, os dias.

Aquelas que promoves
são as justas refregas
em que não cabem áis
e que tem o matiz que sabe
de tua santa indignação.

Tua idéia inarredável
ilumina homens e mulheres
de idéias, pelo mundo à fora
como o pequeno
Farol de Alexandria
rasgando o negror da noite.

Ah, interstício da vida que vai
em que ao sopro vaporoso
de uma Canção de Amigo
tu me embalas no soar
de teu banjo medieval.

Pois que não te possam
calar jamais.

Ricardo Sant'Anna Reiss, Brasil.

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